quarta-feira, junho 20, 2007

da série CARTAS QUE NUNCA FORAM


A distância é um alucinógeno, meu bem. Mais potente que qualquer erva, fungo ou ácido já conhecido.
O silêncio põe em tua boca um dicionário inteiro, em prosa e verso, do delicadamente doce ao friamente perverso. E o vento vem, aos meus ouvidos, soprar temas para delírios.
Já não creio nem duvido.
Viajo.

domingo, junho 17, 2007

Questão de métrica
(ou mulher à beira de um ataque de nervos)



Ando vestida
com uma vida,
que de tão justa,
já não me serve.

Que de tão pálida
já me desbota
e de tão velha
já me desgasta.

Que de tão gasta
já me deprime
e de tão presa
já não me movo.

Que de tão certa
me deixa torta
e de tão lúcida
já me enlouquece.

Que porre!