segunda-feira, abril 30, 2007

da série CARTAS QUE NUNCA FORAM

Corro os olhos pelas palavras, mas não consigo mais me importar com angústias alheias. Dijon e o Lycée que se danem. Nem mesmo a ausência de Mona me comove mais.
Uma parte de mim está quilômetros ao norte e a que ficou se enfastia de tudo.
Reviro, entre os dedos, o pequeno casulo das memórias, mas não posso encontrar a ponta. As palavras pronunciadas e as que escorreram entre olhares, parecem perdidas em meio aos fios. Será possível, que se gaste uma felicidade pelo abuso de revivê-la? Resta, vívida, apenas a sensação da tua face na palma da minha mão, nos meus lábios...
Viro e reviro, mas não encontro. Desconcentro-me da busca, sempre que arde em minha pele o vermelho desta seda imaginária. Há insistência no arder. Só a pele fala. Só a pele recorda.
O ar que me falta parece excessivo assim que inspiro. Expiro e me falta. Inspiro e me excede. Toma espaço por dentro, algo que parece alimentar-se da falta, tanto quanto do excesso. Já não há muito a ser tomado. Sou toda uma falta de ti, nesta nudez estirada na cama.
Deste ângulo, posso ver bem minha coxa, a cintura, a curva do quadril e o prenúncio das nádegas. Lembram montanhas, numa paisagem da qual tivessem roubado o fundo.
O céu ficava ali, bem ali atrás, e não o vejo mais.



É bom estar de volta.
Sejam todos muito bem vindos, amigos blogueiros antigos e novos.

10 comentários:

Anônimo disse...

ah!!! eu precisava inaugurar este espaço aqui..rss bom retorno ao mundo dos blogs..onde destilamos sonhos e tentamos tocar nossa sensibilidade e a dos outros. no mundo cabe ainda muita poesia. vamos alimentar a beleza.

um beijo, vou te enviar e-mail

Anônimo disse...

alvissareira notícia deixaste lá. vim cá espiar e deparei com uma imagem desenhada cujo fundo é mesmo dispensável (rss...) certamente, cartas que nunca foram é mote mais do que inspirador. bom retorno. 1 bj

Anônimo disse...

eba eba eba. também, com tanto público insistente, não poderia demorar mesmo. e está lindo! pera aí que vou ler. nossa, vc escreve muito bem. maravilhoso texto. sim, é bom demais estar de volta, apesar que eu estou estou por aqui agora. eu que agradeço. beijos, pedrita

Sônia Marini disse...

Célia,

Adorei que tenha sido você a inaugurar esse espaço. Nada mais justo! E que alimentemos, então, o mundo com um pouco de poesia.
mil beijos

Sônia Marini disse...

Querido Marcos,durante minha longa ausência dos blogs, senti falta de algumas coisas. Uma delas: seus comentários sempre bem humorados, com um toque de pimenta. rs
Qto a falta do fundo ser, ou não, dispensável , diz a física que é questão de ponto de referência. rsrs
beijos

Sônia Marini disse...

Oi Pedrita.

Seja muito bem vinda! O público insistente não era tão grande assim, não. Mas,felizmente, é daquele tipo persistente. rs Fico contente que você esteja aqui, para prestigiar meu retorno. Volte sempre.
beijo grande.

Anônimo disse...

Fiquei muito feliz por ter se lembrado de mim. Sabe o quanto admiro sua veia poética. Prosa ou verso, em você, tudo é poesia (e das boas, sim senhora!). Penso que recordar, às vezes, faz bem, desde que não se torne a principal direção dos nossos pensamentos. Eu treino o esquecer, mas às vezes gosto de sentir o "bom" novamente, desde que este não assuma o lugar do real. (Se me permitir, gostaria de enfeitar meu blog com um link para este seu). Grande abraço!

Sônia Marini disse...

Su querida,

Eu não poderia me esquecer de você!
Venha sempre.
"Enfeitar" seu blog com um link para o meu? rsrsrsr só vc...só vc... Claro que pode.
Vou linkar o seu também.
beijos

Anônimo disse...

Fico feliz, MUITO FELIZ, que tenha voltado!! :-))
Bjs

Sônia Marini disse...

Si,

Boa parte da "culpa" por eu estar aqui, é sua. :-)Obrigada. Por TUDO!
beijos